quinta-feira, 8 de abril de 2010

"A Ideia De Progresso À Luz Da Psicanálise"

"(...) o progresso não é possível senão pela transformação da energia pulsional em energia de trabalho socialmente útil; por outras palavras, o progresso não é possível senão através da sublimação. (...) A líbido, desviada dos fins pulsionais, que proporcionam originariamente prazer, mas que são socialmente inúteis e mesmo nocivos, torna-se, sob o princípio de realidade, produtividade social. Como tal, ela aperfeiçoa os meios materiais e espirituais necessários à satisfação das necessidades humanas. Mas, simultaneamente, priva esses mesmos indivíduos do pleno gozo destes bens, porque é energia pulsional repressiva e porque os indivíduos tinham já sido moldados de tal modo que não são capazes de encarar a existência senão segundo a escala de valores que nega o prazer, o repouso, a satisfação como objectivos ou então os subordina à produtividade. (...) O indivíduo priva-se do prazer que poderia tirar da produtividade e investe-se assim do potencial de uma nova produtividade, o que empurra o processo para um nível sem cessar mais elevado, simultaneamente da produção e da frustração. (...) o progresso tem de negar-se constantemente a si próprio para poder permanecer progresso. A tendência tem sem cessar de ser sacrificada à razão, à felicidade, à liberdade transcendente, para que os homens sejam mantidos no trabalho alienado pela promessa de felicidade, permaneçam produtivos e se privem do pleno gozo da sua produtividade, perpetuando assim a própria produtividade."

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