sábado, 28 de novembro de 2009

"O Dom"

"A noite húmida fazia brilhar de negro a rua, com um vento furioso: nunca, mas nunca chegaremos a casa. Não obstante chegou um eléctrico, e agarrado a uma correia no corredor por cima da mãe sentada à janela, Fedor pensava com irritação nos versos que escrevera nesse dia, nas fissuras das palavras, nas fugas da poesia, e ao mesmo tempo, com uma alegria orgulhosa e exaltada, com uma impaciência apaixonada, esperava já pela criação de qualquer coisa nova, qualquer coisa ainda desconhecida, genuína, que correspondesse plenamente ao dom que sentia como um peso dentro de si."

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