segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"O Pavilhão dos Cancerosos"

"Nesse Outono aprendera que um homem pode transpor os umbrais da morte embora o seu corpo continue vivo. O nosso sangue ainda circula e o nosso estômago ainda digere, mas nós já passámos por toda a preparação psicológica para a morte... e sobrevivemos à própria morte. É como se víssemos da sepultura tudo quanto nos rodeia. E embora nunca nos considerássemos um cristão - pelo contrário, às vezes consideramo-nos precisamente o oposto! -, de repente compreendemos que perdoámos a todos quantos nos ofenderam e não acalentaremos qualquer má vontade contra os que nos perseguiram. Sentimo-nos pura e simplesmente indiferentes a tudo e a todos. Não estamos para modificar nada, não lamentamos nada... Diria até que atingimos um estado de equilíbrio semelhante ao das árvores e das pedras. Tiraram-me desse estádio, mas não sei se me devo sentir contente com isso se não. Significa o regresso de todas as minhas paixões, boas e más."

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