“Fingir”, pensou ele, voltando a fechar a porta com precaução, “é justo fingir”. Voltou à parede e tornou a contemplar a aguarela (...); oprimia-o uma náusea leve e fastidiosa, como quando se sente desenvolver-se o vómito e se quer detê-lo; mas este pensamento: “no fim de contas, ela é como eu”, serviu para o induzir, finalmente, a um pouco de compaixão para com aquela figura de mentirosa sem necessidade. “Somos todos iguais”, pensou, “de entre as mil maneiras de fazer uma acção, escolhemos sempre, instintivamente, a pior”.
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