quinta-feira, 13 de junho de 2019

"Manifesto do Surrealismo" (1924)

“Querida imaginação, o que eu amo em ti acima de tudo é que não perdoas.
A simples palavra liberdade é tudo o que me exalta ainda. (...)
Resta a loucura (...). (...) Todos sabemos, efectivamente, que os loucos devem o seu internamento apenas a um pequeno número de actos legalmente repreensíveis, e que, se não fossem esses actos, a sua liberdade (aquilo que se vê da sua liberdade) não poderia estar em jogo. Que eles são, em determinada medida, vítimas da sua imaginação (...). Mas o profundo desapego de que eles dão prova relativamente à crítica que lhes fazemos (...) permite supor que eles retiram grande conforto da sua imaginação, que saboreiam suficientemente o seu delírio para suportarem que só para eles seja válido. E, de facto, as alucinações, as ilusões, etc., não são uma fonte de prazer a desprezar. (...) São pessoas de uma honestidade escrupulosa, e cuja inocência iguala apenas a minha. (...)
Não será o receio da loucura que nos irá forçar a deixarmos a meia haste a bandeira da imaginação.”

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