domingo, 4 de agosto de 2019

"A Morte é Um Dia que Vale a Pena Viver"

“A empatia permite que nós nos coloquemos no lugar do outro e sintamos a sua dor, o seu sofrimento. A compaixão leva-nos a compreender o sofrimento do outro e a transformá-lo. Por isso, precisamos de ir além da empatia.”

"Pulp"

“- Este tipo tem um problema (...).
- Qual? (...).
- Considera o tédio uma Arte.”

"Factotum"

“If you're going to try, go all the way. Otherwise, don't even start. This could mean losing girlfriends, wives, relatives and maybe even your mind. It could mean not eating for three or four days. It could mean freezing on a park bench. It could mean jail. It could mean derision. It could mean mockery--isolation. Isolation is the gift. All the others are a test of your endurance, of how much you really want to do it. And, you'll do it, despite rejection and the worst odds. And it will be better than anything else you can imagine. If you're going to try, go all the way. There is no other feeling like that. You will be alone with the gods, and the nights will flame with fire. You will ride life straight to perfect laughter. It's the only good fight there is.”

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Luz

O vazio voltou
Sorri, num gesto de reconhecimento de mim
Bateu-me então no peito um súbito preenchimento branco
Foi de branco que me revesti e assim permaneço por ora
É preciso parir a dor, parti-la, misturá-la
Transmutar
Já não há peso que me quebre nem abismo que me persiga
Invencível e liberta chego e parto ao mesmo tempo
neste espaço que se criou entre nós
Levo-te comigo no pensar e no agir, no andar e também ao fugir
És luz, Maria

21-06-2019
Monochordic Fanfare

"Peixe Solúvel"

“É na doce evasão chamada futuro, evasão sempre possível, que se reabsorvem os astros até aí debruçados sobre a nossa angústia.”

"Love"

“Love is anterior to life,
   Posterior to death,
Initial of creation, and
   The exponent of breath.”


quarta-feira, 10 de julho de 2019

"Pulp"

"Fui a pé (…) sentindo-me vagamente deprimido. O homem nasce para morrer. O que é que isso significa? Andar por aí e esperar."

"Pulp"

"Eu era talentoso, eu sou talentoso. Às vezes olho para as minhas próprias mãos e apercebo-me de que poderia ter dado um grande pianista ou algo do género. Mas o que é que as minhas mãos fizeram? Coçaram-me os tomates, passaram cheques, apertaram atacadores, puxaram autoclismos, etc. Desperdicei as minhas mãos e a minha cabeça."

quarta-feira, 19 de junho de 2019

"Carta a Mário de Sá-Carneiro"


“Lisboa, 14 de Março de 1916

Meu querido Sá-Carneiro:

Escrevo-lhe hoje por uma necessidade sentimental — uma ânsia aflita de falar consigo. Como de aqui se depreende, eu nada tenho a dizer-lhe. Só isto — que estou hoje no fundo de uma depressão sem fundo. O absurdo da frase falará por mim.

Estou num daqueles dias em que nunca tive futuro. Há só um presente imóvel com um muro de angústia em torno. A margem de lá do rio nunca, enquanto é a de lá, é a de cá, e é esta a razão intima de todo o meu sofrimento. Há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem há desembarque onde se esqueça. Tudo isto aconteceu há muito tempo, mas a minha mágoa é mais antiga.

Em dias da alma como hoje eu sinto bem, em toda a consciência do meu corpo, que sou a criança triste em quem a vida bateu. Puseram-me a um canto de onde se ouve brincar. Sinto nas mãos o brinquedo partido que me deram por uma ironia de lata. Hoje, dia catorze de Marco, às nove horas e dez da noite, a minha vida sabe a valer isto.

No jardim que entrevejo pelas janelas caladas do meu sequestro, atiraram com todos os balouços para cima dos ramos de onde pendem; estão enrolados muito alto, e assim nem a ideia de mim fugido pode, na minha imaginação, ter balouços para esquecer a hora.

Pouco mais ou menos isto, mas sem estilo, é o meu estado de alma neste momento. Como à veladora do «Marinheiro» ardem-me os olhos, de ter pensado em chorar. Dói-me a vida aos poucos, a goles, por interstícios. Tudo isto está impresso em tipo muito pequeno num livro com a brochura a descoser-se.

Se eu não estivesse escrevendo a você, teria que lhe jurar que esta carta é sincera, e que as cousas de nexo histérico que aí vão saíram espontâneas do que sinto. Mas você sentirá bem que esta tragédia irrepresentável é de uma realidade de cabide ou de chávena — cheia de aqui e de agora, e passando-se na minha alma como o verde nas folhas.

Foi por isto que o Príncipe não reinou. Esta frase é inteiramente absurda. Mas neste momento sinto que as frases absurdas dão uma grande vontade de chorar. Pode ser que se não deitar hoje esta carta no correio amanhã, relendo-a, me demore a copiá-la à máquina, para inserir frases e esgares dela no «Livro do Desassossego». Mas isso nada roubará à sinceridade com que a escrevo, nem à dolorosa inevitabilidade com que a sinto.

As últimas notícias são estas. Há também o estado de guerra com a Alemanha, mas já antes disso a dor fazia sofrer. Do outro lado da Vida, isto deve ser a legenda duma caricatura casual.

Isto não é bem a loucura, mas a loucura deve dar um abandono ao com que se sofre, um gozo astucioso dos solavancos da alma, não muito diferentes destes.

De que cor será sentir?

Milhares de abraços do seu, sempre muito seu


Fernando Pessoa


P. S. — Escrevi esta carta de um jacto. Relendo-a, vejo que, decididamente, a copiarei amanhã, antes de lha mandar. Poucas vezes tenho tão completamente escrito o meu psiquismo, com todas as suas atitudes sentimentais e intelectuais, com toda a sua histeroneurastenia fundamental, com todas aquelas intersecções e esquinas na consciência de si próprio que dele são tão características...

Você acha-me razão, não é verdade?”


quinta-feira, 13 de junho de 2019

"Pensando a Esquizofrenia na Criança"


"Pensando a Esquizofrenia na Criança"


"Manifesto do Surrealismo" (1924)

“Querida imaginação, o que eu amo em ti acima de tudo é que não perdoas.
A simples palavra liberdade é tudo o que me exalta ainda. (...)
Resta a loucura (...). (...) Todos sabemos, efectivamente, que os loucos devem o seu internamento apenas a um pequeno número de actos legalmente repreensíveis, e que, se não fossem esses actos, a sua liberdade (aquilo que se vê da sua liberdade) não poderia estar em jogo. Que eles são, em determinada medida, vítimas da sua imaginação (...). Mas o profundo desapego de que eles dão prova relativamente à crítica que lhes fazemos (...) permite supor que eles retiram grande conforto da sua imaginação, que saboreiam suficientemente o seu delírio para suportarem que só para eles seja válido. E, de facto, as alucinações, as ilusões, etc., não são uma fonte de prazer a desprezar. (...) São pessoas de uma honestidade escrupulosa, e cuja inocência iguala apenas a minha. (...)
Não será o receio da loucura que nos irá forçar a deixarmos a meia haste a bandeira da imaginação.”

"Paul Ricoeur, Uma Homenagem" (ISPA)


quinta-feira, 9 de maio de 2019

"Cadernos da Casa Morta"

"(…) mal ficou sem farda, perdeu todo o efeito que causava dantes. De farda, era ameaçador, era Deus. De sobrecasaca, era uma nulidade, parecia um lacaio. É impressionante o que a farda pode ser para algumas pessoas."

quarta-feira, 1 de maio de 2019

"Cadernos da Casa Morta"

"Porém, será possível fazer-se o que estou a tentar fazer agora: dividir os habitantes de uma prisão em categorias? A realidade é infinitamente mais variada do que todas as conclusões do pensamento abstracto, por mais sofisticadas que sejam, e não suporta classificações forçadas e generalizadas. Também nós tínhamos a nossa vida individual, por mais humilde que fosse; não vivíamos só a vida oficial, mas também uma vida interior, só nossa."

"Cadernos da Casa Morta"

"A tirania é um hábito; como tal, tem capacidade de evoluir e evolui, acabando por se tornar uma doença. Afirmo que o melhor dos homens pode ficar bruto e cretino até ao estado animalesco por força do hábito. O sangue e o poder embriagam: desenvolve-se a rigidez, a degradação; os fenómenos mais anormais tornam-se acessíveis e, por fim, doces à mente. O homem e o cidadão perecem no tirano para sempre, e o regresso à dignidade humana, ao arrependimento, ao renascimento tornam-se quase impossíveis para ele. Além disso, o exemplo, a própria possibilidade do arbítrio são contagiosos para toda a sociedade: um tal poder é sedutor. A sociedade que se mostre indiferente a este fenómeno é contaminada nos seus alicerces."

terça-feira, 9 de abril de 2019