quinta-feira, 31 de março de 2016

Flashback

Havia gente pela casa, filhas, as minhas filhas, netos e netas, havia gente. Eu estava deitada, vinha-me ao pensamento um animal enorme, maior do que eu, que se transformava. Em quê, em quê...? Tornava-se noutra coisa. Aquilo assustava-me e eu chamava alguém. Ela vinha e eu ria. Eu ria com aquele animal. Quem vinha amava-me, mas não me entendia.

Levantava-me e cirandava pela casa, confundia-me com as pessoas. As pessoas confundam-se com aquele animal enorme em transformação. Eu ria, mas porquê? Deitava-me novamente com aquela angústia confusa que crescia e se transformava numa monstruosidade.

Pessoas andavam de um lado para o outro, eu ouvia-as, o que andavam a fazer?

Nunca soube se teriam passado minutos, horas ou todo o dia.

Entraram em minha casa pessoas desconhecidas, grandes, com ordens, queriam levar-me dali. Para onde, para onde? Era a minha casa, a minha casa, o meu lugar. Mas obrigaram-me. Pouco me lembro depois disso.

Vim a acordar numa cama de hospital, sozinha.

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