"Era uma vez um jovem que não gostava de ser jovem, ou melhor, que lidava muito mal com o facto de ser jovem. Não sabia o que fazer com o corpo, nem com o sexo. O jovem tinha uma peculiaridade: não sabia falar. Quer dizer, sabia articular palavras, sons, mas a brutalidade de sentimentos, a violência dos afectos, ou mesmo o impulso ocasional à ternura e à suavidade não encontravam geralmente o gesto e a palavra. Queria ser amado, mas sobretudo queria ser reconhecido, embora desconhecesse quem e como devia reconhecê-lo.
O facto é que o jovem procurava no outro o que devia encontrar em si mesmo e esse pecado de ignorância foi sem dúvida um dos marcos da sua tragédia.
(...) o jovem que não queria ser jovem confundia (e às vezes era confundido) desejo de autonomia com arrogância, independência com provocação, liberdade com revolta.
(...) tudo o que o jovem fazia, sem se dar conta, era fazer falar por si uma criança maligna, ávida, destrutiva e imprevisível.
É claro que o jovem que não gostava de ser jovem às vezes dava-se conta de algo errado consigo próprio, e então queria morrer, embora não soubesse que coisa e quem queria matar. Por isso, às vezes também pensava em partir, embora não soubesse para onde ou para quê.
(...) O jovem partilhava com alguns humanos a confusão entre fantasia de renascimento e nascimento de si mesmo. Porque o jovem não tolerava a ideia de morrer e por isso vivia também fascinado com a ideia de morte."
O facto é que o jovem procurava no outro o que devia encontrar em si mesmo e esse pecado de ignorância foi sem dúvida um dos marcos da sua tragédia.
(...) o jovem que não queria ser jovem confundia (e às vezes era confundido) desejo de autonomia com arrogância, independência com provocação, liberdade com revolta.
(...) tudo o que o jovem fazia, sem se dar conta, era fazer falar por si uma criança maligna, ávida, destrutiva e imprevisível.
É claro que o jovem que não gostava de ser jovem às vezes dava-se conta de algo errado consigo próprio, e então queria morrer, embora não soubesse que coisa e quem queria matar. Por isso, às vezes também pensava em partir, embora não soubesse para onde ou para quê.
(...) O jovem partilhava com alguns humanos a confusão entre fantasia de renascimento e nascimento de si mesmo. Porque o jovem não tolerava a ideia de morrer e por isso vivia também fascinado com a ideia de morte."