segunda-feira, 24 de maio de 2010

yom kippur

Penso. Reflicto acerca de uma frase que uma pessoa, há muito tempo me repetia, uma pessoa que deixou de ser importante. No entanto, a frase parece ter ganho importância: "Aquilo que eu não sei não me pode magoar". Sempre acreditei que a verdade das coisas, dos acontecimentos, das pessoas deveria sobrepor-se à mentira e à omissão. Como se pudéssemos assim dar qualquer coisa, boa ou má, ao outro. Mas dar e não retirar.
Hoje acordei, quase sem ter tido a possibilidade de dormir, de luto. Vesti-me de preto, mas mal saí de casa, comi mas não fiquei com energia para nada. Rememorei. Talvez a verdade não tenha espaço de existência, tal como a liberdade ou a justiça que são apenas abstracções, não tendo, na realidade, grandes implicações práticas. Quanto menos souber do outro, esse inferno sartriano, melhor será para manter, pelo menos, a ilusão de que não sou magoada e destruída pelas palavras e silêncios desse ser sempre desconhecido.
Percebo agora que as minhas verdades todas não me conduziram a parte alguma, continuo a existir no mesmo vácuo de sempre. O sentimento de retorno a isto só tem um nome: sentimento de morte. E nem sei o que isso pode querer dizer, só o sei nomear. Arrependo-me de ter sido verdadeira vezes demais. Ao menos a mentira existe efectivamente, porque é criada pelo seu autor.

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